O estudo do Ipea levou em consideração dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No quarto trimestre de 2017, 21,5% dos domicílios pesquisados pela Pnad Contínua não tinham nenhum morador desempenhando uma atividade remunerada no mercado de trabalho.
Na faixa de domicílios considerados de baixa renda, a proporção de lares nessa situação subiu de 29,8% no quarto trimestre de 2017 para 30,1% no quarto trimestre de 2018.
O Ipea ressaltou ainda que houve um aumento na desigualdade salarial, com ganhos maiores nos últimos dois anos para as famílias mais ricas do que para as famílias com renda média e baixa.
Os dados desagregados de rendimentos, deflacionados pelo Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, mostram que, no quarto trimestre de 2014, a renda média domiciliar do trabalho nos lares mais ricos era 27,8 vezes maior que a média recebida pelas famílias da faixa de renda muito baixa.
“Nos últimos dois anos, foi a faixa de renda alta que apresentou os maiores aumentos da renda, o que evidencia o aumento da desigualdade”, apontou o Ipea.
Como consequência, o índice de Gini – medida de desigualdade de renda – registrou elevação de forma acentuada desde 2016, especialmente se considerada a renda domiciliar do trabalho como referência. O Índice de Gini mede a desigualdade numa escala de 0 a 1. Quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de renda.
Segundo o Ipea, o índice de Gini da renda domiciliar do trabalho subiu de 0,514 no quarto trimestre de 2014 para 0,533 no mesmo trimestre de 2018. No caso da renda individual proveniente do trabalho, o índice subiu de 0,495 para 0,509 no mesmo período.
O Ipea lembra que a geração de postos de trabalho medida pela Pnad Contínua perdeu fôlego no segundo semestre de 2018. Além disso, o aumento da ocupação aconteceu, basicamente, na informalidade.
“Adicionalmente, nota-se que quase um quarto dos empregos formais criados (de acordo com o Caged) foram baseados em contratos de trabalho parciais ou intermitentes. Ainda dentro deste contexto, os dados de desalento e subocupação ajudam a corroborar o atual estado ainda ruim do mercado de trabalho”, ressaltou o estudo do Ipea.
O Ipea prevê a manutenção da recuperação gradual do emprego e da renda média ao longo de 2019.
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