Demanda por crédito deve manter queda em 2016

A demanda por crédito por parte dos consumidores brasileiros deverá manter-se em queda no ano de 2016. Além disso, segundo a Associação Comercial de Amparo, representante da Boa Vista SCPC na cidade, o ano será de piora na inadimplência e na recuperação, além de manter o risco de crédito de pessoas físicas em patamar elevado.

A pesquisa realizada pela Boa Vista SCPC prevê uma taxa de inadimplência para as empresas em torno de 5% em 2016, uma alta em relação aos 4,5% registrados no último ano. Já aos consumidores, o ajuste estrutural do mercado de trabalho deverá ter um impacto maior, com inadimplência atingindo 6,8%, contra 6,1% em 2015.

Para o economista da Boa Vista SCPC, Flavio Calife, este cenário de crescimento da inadimplência, associadoà diminuição do crédito, é algo nunca antes visto. Ele prevê ainda que, em 2016, a tendência de maior seletividade das concedentes de crédito continue, e que a demanda por crédito diminua, apesar de podermos ver uma elevação do crédito por parte das empresas. Com essa perspectiva, o crédito deverá sofrer nova desaceleração, podendo crescer em torno de 3,5% em termos nominais.

Para estas estimativas, levam-se em conta as expectativas do mercado em, que começaram piores que o ano anterior. A atividade econômica brasileira deverá enfrentar mais um ano de recessão com impactos sobre o mercado de trabalho e os juros e inflação deverão manter-se em patamares elevados.

Estes fatores desfavoráveis vêm apertando o orçamento dos consumidores e diminuindo a renda das famílias. Embora a demanda por crédito diminua, os novos empréstimos para pagamento de dívidas tendem a ser concedidos às pessoas com maior risco de crédito, pois são aquelas que mais buscam financiamentos emergenciais nesses momentos.

Já a demanda de crédito tem se comportado de forma diferente para as empresas e consumidores. A retração da atividade econômica faz com que as empresas recorram aos empréstimos a fim de compensar a queda no fluxo de caixa. Devido ao encarecimento do crédito e à maior seletividade na hora da concessão, as empresas encontram dificuldades em quitar suas dívidas. Apesar da demanda ser maior, a oferta de crédito para as pessoas jurídicas está diminuindo devido ao elevado risco.

Mesmo com o fim do ciclo de aperto monetário, o encarecimento dos custos e o aumento dos riscos implicarão no aumento da taxa de juros aos consumidores, que deverá se manter em tendência de alta.

Dada à piora do cenário macroeconômico, o endividamento pode se tornar um problema à medida que a renda recua e os juros sobem, aumentando o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas e elevando o risco de inadimplência.

Como 2016 será mais um ano em que a economia brasileira patina, as variáveis macroeconômicas devem afetar ainda mais fortemente o mercado de crédito.



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