05/08 – ACEA REALIZOU PESQUISA DE IMPACTOS DA PANDEMIA

Devido às diversas solicitações e dúvidas que a ACEA recebeu ao longo desta pandemia, em julho, realizamos uma pesquisa com os empresários com o intuito de saber sobre as medidas adotadas durante a Pandemia do Novo- Coronavírus.

Seguindo a tendência nacional, podemos observar que a maioria dos comerciantes ainda não faziam vendas através da internet:

Dos entrevistados, mesmo em tempos de conectividade, muitas empresas não acompanharam as tendências, 62,5% ainda não vendiam online antes da pandemia.

Do outro lado da moeda, temos 37,5% que já utilizava desse meio para realizar as suas vendas.

 

O empresário que não fazia vendas online sofreu mais para conseguir vender logo que a pandemia explodiu.

Segundo Maria do Carmo, empresária do Centro da cidade, foi bem complicada a correria para conseguir mostrar seus produtos online. Pode-se destacar a falta de conhecimento de plataformas para realizar vendas e o total desconhecimento de redes sociais.

 

Segundo alguns entrevistados, muitos não tinham WhatsApp e não trabalhavam com delivery.

 

Estes pontos demonstram a grande importância de manter a empresa atualizada às tendências. Quem não atualiza, fica para trás. E em momentos como estes, que nossa geração jamais imaginou passar, a própria seleção natural acaba imperando.

 

As empresas que não se atualizam são as primeiras a fecharem em momentos de dificuldade.

 

Quando perguntados se, após a pandemia, continuarão vendendo online, 70% dos entrevistados foram taxativos em dizer que continuarão com essa modalidade.

O que ainda impressiona e notar que os 30% restantes não pretendem continuar vendendo pela internet.

 

“Quem não estiver disposto a trabalhar a flexibilidade dos seus negócios para gerar novas experiências de consumo perderá oportunidades. A aceleração da digitalização será uma das maiores heranças do novo coronavírus para o setor”, afirma João Sanzovo Neto, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Enquanto não surgir a vacina contra a doença, o consumidor continuará buscando segurança, dentro das lojas, e atendimento mais rápido. “O estudo Consumer Insights, da empresa de pesquisas Kantar, mostra que, no caso dos supermercados, entre as mudanças mais significativas provocadas pela pandemia está a inclusão de novos canais na rotina de compras da população, que agora se abastece em mercadinhos de bairro, pequenos e tradicionais varejos, para evitar aglomeração.”

 

Somente em junho, as vendas nas lojas físicas despencaram 20%, enquanto as feitas por meio eletrônico subiram 40%. A velocidade da reação e das alterações nas relações de consumo, dependerá do estrago provocado pela crise e do ritmo de retomada do setor produtivo.

 

Já está quase certo, de que o primeiro passo dos novos empresários é dar atenção ao comércio on-line, para se adequar aos hábitos da sociedade. Estamos na curva de aprendizagem do novo normal. Na prática, vamos chegar mais rápido ao 5G, com transações mais rápidas, eficientes, estáveis e seguras, além da evolução da internet das coisas. São práticas que se tornaram comuns no mundo civilizado. Mas o Brasil, com quase 40 milhões de “invisíveis”, sem acesso a quase nada, corre o risco de se consolidar como uma Belíndia (como o economista Edmar Bacha classificou, ironicamente,  o país, que pelas diferenças sociais é uma junção de Bélgica com Índia. O governo terá que tomar medidas para democratizar a tecnologia. Ou continuaremos com parte da população na situação da Bélgica e a maioria, nas condições da Índia.

 

A demanda vai diminuir, mas vai aumentar a competitividade. E a busca, dentro do distanciamento social, ainda tende a continuar favorecendo um consumo maior dentro de casa. Com esse comportamento dos clientes, os canais que ganharam relevância durante a crise, como o e-commerce e delivery, tendem a ficar e a incrementar o consumo, no confronto com o que se consumia antes.

 

Aproveitamos para entrevista um empresário do ramo de restaurantes, da cidade de Amparo, que não quis ser identificado. Ele contou que teve que desligar muitos funcionários e se adequar ao sistema de delivery.

Segundo ele, não era muito fã do negócio delivery, preferia consumo no local, porém, a necessidade fez com que operasse desta forma.

O empresário viu despencar ao solo as vendas de bebidas, porém, acabou conquistando novos clientes que não frequentavam seu estabelecimento. Hoje, serve almoço e jantar, parando apenas um dia por semana.

“Graças a Deus, com este formato está dando para pagar as nossas contas em dia. Não sabíamos o que seria quando isso tudo começou. Como bons seres humanos que somos, temos que nos adaptar ao que a vida oferece pra gente.“

Perguntado se permite continuar trabalhando com o delivery após a pandemia, foi taxativo em dizer SIM.

 

Ainda em nossa pesquisa, questionamos aos empresários sobre FINANCIAMENTO DURANTE A PANDEMIA.

O gráfico mostra que 67,5% dos entrevistados não pediu financiamento. Do outro lado, 32,5% precisaram recorrer ao empréstimo.

Dos que buscaram financiamento, 20% afirmou que não conseguiu.

Segundo informações do G1, o financiamento para pequenas empresas é insuficiente para o tamanho da crise. O Pronampe, programa do Governo Federal destinado ao fortalecimento de pequenos negócios, teve linha limitada.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), feito por Rodolpho Tobler, mostra que 64% das empresas que foram no mercado atrás de crédito e não conseguiram são pequenas. Esse índice cai para 5% quando a empresa é grande. Ou seja, o dinheiro não está chegando a quem mais precisa. Segundo o estudo, as maiores dificuldades do pequeno empresário estão na burocracia e nas exigências bancárias.

Ainda na pesquisa, a ACEA questionou aos entrevistados, se houve suspensão de contrato de funcionários.

Como mostra o gráfico, 42,5% da força de trabalho dos entrevistados teve que ter contrato suspenso.

Segundo dados do Ministério da Economia do Brasil, até o início de julho haviam sido suspensos 12,9 milhões de contratos de trabalho em todo Brasil.

A alteração do contrato de trabalho pode ser feita mediante a acordo individual entre empregador e empregado caso o trabalhador receba até três salários mínimos (3.135 reais) ou se tiver salário acima dos 12 mil reais e curso superior — o chamado hipersuficiente segundo a legislação trabalhista. Quem tem salário entre esses valores só pode ter o contrato reduzido ou suspenso após negociação coletiva com o sindicato que representa a categoria.

Do outro lado da moeda, está a triste realidade. Em nossa pesquisa, perguntamos também, se, por conta da pandemia, os entrevistados tiveram que demitir funcionários.

Dos entrevistados, 25% respondeu que teve que demitir funcionários. Do outro lado, 75% afirmou que manteve os funcionários (seja com suspensão e trabalho ou não realizando nenhuma ação).

 

Em matéria publicada no G1, no dia 02 de julho, os efeitos da pandemia do novo coronavírus no saldo de empregos formais da Região Metropolitana de Campinas (RMC) já são comparados aos piores anos da crise econômica que provocou milhares de demissões.

Segundo o Observatório PUC-Campinas, 32.620 vagas com carteira assinada foram fechadas entre janeiro e maio nos 20 municípios da RMC – número superior ao total de postos perdidos em todo ano de 2016, e que representa 80% do registrado em 2015, período de pior resultado na série história do Caged desde 2010.

 

 

A Pesquisa da ACEA foi realizada entre os dias 16 e 21 de julho e contou com a resposta de 40 empresas.

 

Contribuição nos textos:

Correio Brasiliense e G1.



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